A violência contra a mulher segue sendo um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade e está longe de ser superada. Dados divulgados pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Presidente Prudente (SP), revelam que as denúncias cresceram em 2025, refletindo tanto o aumento das ocorrências quanto a maior conscientização das vítimas e da população sobre a importância de denunciar.
Segundo a delegada Denise Simonato, as mulheres estão cada vez mais conscientes de seus direitos. No entanto, os registros continuam altos, principalmente em casos de lesão corporal, ameaça, injúria e perseguição, que estão entre os crimes mais comuns na região. Outro ponto de atenção é o crescimento das violências praticadas em ambiente virtual, que têm se tornado frequentes nos últimos anos.
De janeiro a junho de 2025, o Disque-Denúncia 180 contabilizou 141 registros de violência contra a mulher somente na região de Presidente Prudente. Além disso, foram registradas 800 violações de medidas judiciais. Entre esses casos, 716 estavam relacionados à integridade da vítima, 46 à liberdade da mulher e 17 a direitos sociais.
Um dado curioso chama a atenção: a maioria das denúncias não parte das próprias vítimas. Do total, 402 registros foram feitos por terceiros, enquanto 321 partiram diretamente das mulheres agredidas. Ainda mais surpreendente, segundo o levantamento, é o fato de que seis denúncias foram realizadas pelo próprio agressor.

Tecnologia como aliada no combate à violência
Para reforçar a rede de proteção, existem ferramentas digitais e serviços especializados. Um exemplo é o aplicativo SP Mulher Segura, desenvolvido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
A ferramenta permite o registro de boletins de ocorrência online, 24 horas por dia, facilitando o acesso das vítimas à polícia sem a necessidade de deslocamento imediato até uma delegacia.
Outro diferencial do aplicativo é o botão do pânico, disponível para mulheres com medidas protetivas que precisem de ajuda imediata. Ao ser acionado, o pedido é registrado pela central da Polícia Militar, que envia socorro ao endereço geolocalizado pelo sistema. Caso o agressor esteja sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, o sistema cruza os dados por georreferenciamento. Se houver aproximação, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) é automaticamente avisado, e uma viatura é despachada para o local.
O aplicativo SP Mulher Segura, disponível gratuitamente para dispositivos iOS e Android, ainda reúne informações úteis sobre acolhimento e serviços disponíveis em diferentes municípios, incluindo links da Defensoria Pública, do Ministério Público e da Secretaria de Políticas para a Mulher do Estado de São Paulo. Também dá acesso rápido ao protocolo “Não se Cale” e ao Portal da Mulher Paulista, fortalecendo a rede de apoio às vítimas.
A DDM de Presidente Prudente, reforça que a tecnologia e a conscientização da população são importantes aliados, mas o enfrentamento à violência de gênero ainda exige políticas públicas permanentes, além do fortalecimento das ações de prevenção e acolhimento.