Quando falamos de vinho, falamos de uma bebida que atravessa milênios, carregando símbolos de cultura, fé e celebração. E no centro dessa história, ninguém menos que Jesus Cristo.
Se ousarmos uma provocação, poderíamos dizer que Jesus foi o maior enólogo da história. Afinal, quem mais conseguiu realizar o milagre de transformar água em vinho? Não apenas em vinho, mas em um vinho de qualidade superior, capaz de surpreender o mestre-sala da festa de Caná da Galileia.
Mas não para por aí. Jesus também pode ser considerado o primeiro sommelier a alterar o serviço do vinho. Antes dele, a tradição era servir primeiro o vinho bom e, quando os convidados já estavam menos atentos, oferecer o vinho inferior. No entanto, ao realizar o milagre, Jesus inverteu a lógica: o vinho superior veio depois, para marcar presença, para dar sentido à festa.
E é justamente aí que está a genialidade desse gesto. Jesus não apenas multiplicou alegria, ele transformou a forma de servir. Ele trouxe para a mesa a ideia de que o melhor ainda está por vir. Que a vida, quando partilhada, tem sempre uma surpresa reservada na próxima taça.
Na última ceia, Jesus elevou o vinho ao seu significado mais profundo, ao dizer: “Este é o meu sangue, derramado por vós.” A partir desse momento, o vinho tornou-se indispensável para qualquer celebração cristã. Foi então que a Igreja passou a cuidar do cultivo e da produção. Monges dedicaram séculos ao estudo das uvas e dos terroirs, mapeando regiões do planeta — e identificando, por exemplo, a Borgonha como um dos lugares mais nobres para produzir vinho.
Ou seja, a ciência enológica que temos hoje carrega uma herança religiosa. Muito do conhecimento que orienta viticultores e enólogos modernos devemos ao trabalho minucioso dos monges, que preservaram, aperfeiçoaram e transmitiram a tradição do vinho.
Provocação ou não, a verdade é que, na história da humanidade, ninguém marcou tanto a enologia quanto Jesus. Ele foi o único capaz de transformar água em vinho — e, ao mesmo tempo, transformar o vinho em símbolo eterno de vida.