O primeiro caso oficialmente notificado por um centro credenciado pelo Governo de São Paulo de animal silvestre vítima de incêndio florestal foi registrado neste fim de semana. Trata-se de uma Anta (Tapirus terrestris), fêmea adulta, resgatada em Teodoro Sampaio (SP). O animal está sob cuidados intensivos na Apass (Associação Protetora de Animais Silvestres), em Assis.
O resgate foi realizado por brigadistas do Parque Estadual Morro do Diabo, administrado pela Fundação Florestal – vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) – em parceria com a Polícia Militar Ambiental. A anta foi encontrada debilitada, com lesões graves, dentro de um açude em meio a um canavial. Para o transporte até Assis, cerca de 180 km do local, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) disponibilizou caminhão e motorista, garantindo a chegada segura do animal à Apass.
Segundo a entidade, a anta apresenta queimaduras de 1º, 2º e 3º graus em aproximadamente 70% do corpo, perda total da visão e comprometimento de uma orelha. Apesar da gravidade, alimenta-se e bebe água voluntariamente.
“Estamos trabalhando intensamente para garantir conforto e qualidade de vida para esse animal, mesmo sabendo que não será possível devolvê-lo à natureza. É uma paciente que exigirá cuidados prolongados, com protocolos para analgesia, antibióticos, anti-inflamatórios e manejo das lesões. O apoio que recebemos de órgãos parceiros foi fundamental para que esse resgate acontecesse”, explicou Natália Tomaz Inácio de Godoy, diretora executiva da Apass.
A suspeita é de que as lesões da anta sejam decorrentes de um incêndio ocorrido em 17 de agosto na região do Parque Estadual Morro do Diabo, único evento registrado neste mês. Assim, o animal teria permanecido pelo menos cinco dias ferido, sem atendimento, até ser encontrado no açude.
O caso chama a atenção para os impactos das queimadas sobre a fauna e reforça a importância da integração entre órgãos ambientais, entidades parceiras e sociedade civil.