O colaborador da Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar), Genildo Roberto, registrou um momento considerado raro e emocionante: uma mãe tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e seu filhote foram vistos se alimentando tranquilamente em uma das trilhas da reserva ambiental mantida pela entidade.
O flagrante ocorreu em uma área que, no passado, era utilizada como pastagem para gado e cavalos. Hoje, o local é um exemplo de restauração ecológica, resultado do trabalho contínuo de recuperação florestal desenvolvido pela Apoena.
Segundo relatos, ao notar a aproximação humana, o filhote buscou instintivamente proteção. A mãe, em um gesto típico da espécie, agachou-se e permitiu que ele subisse em suas costas, garantindo segurança e a possibilidade de seguir o trajeto abrigado.
Importância da restauração ambiental
Para o presidente da Apoena, Djalma Weffort, a cena representa um marco do sucesso das ações de reflorestamento.
“Ver um tamanduá-bandeira, ainda mais acompanhado de um filhote, em um espaço que antes era apenas pasto, é a prova concreta de que a natureza responde positivamente quando recebe cuidado e dedicação”, destacou.
O registro, além de raro, reforça o papel fundamental das áreas de preservação na retomada da fauna silvestre, oferecendo condições para reprodução, alimentação e segurança de espécies ameaçadas.
Conheça o tamanduá-bandeira
Também chamado de tamanduá-açu, jurumim ou iurumi, o animal tem forte presença na cultura indígena, com nomes derivados do tupi: “tamãdu’á” significa caçador de formiga e “yuru’mi” quer dizer boca pequena.
De corpo alongado, cabeça estreita e cauda peluda que lembra uma bandeira hasteada, o tamanduá-bandeira pode medir até 120 cm de corpo e mais 90 cm de cauda. Os machos podem atingir 45 kg, sendo maiores que as fêmeas.
Sua dieta é composta principalmente por formigas e cupins, chegando a ingerir cerca de 30 mil insetos por dia, o que faz da espécie um importante controlador biológico. Além disso, integra a cadeia alimentar como presa de predadores de topo, como a onça-parda e a onça-pintada.
Espécie ameaçada
Apesar de sua importância ecológica, o tamanduá-bandeira figura na lista de espécies ameaçadas. Nos últimos 30 anos, estima-se que pelo menos 30% da população tenha sido perdida. Entre as principais ameaças estão:
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Destruição e fragmentação de habitats nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia;
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Caça predatória, alimentada por crenças populares que associam o animal a “má sorte”;
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Uso intensivo de agrotóxicos, que afetam suas fontes de alimento;
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Incêndios florestais em larga escala, especialmente no Cerrado e no Pantanal;
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Colisões em rodovias;
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Efeitos das mudanças climáticas.
Símbolo da recuperação
O flagrante de mãe e filhote na reserva da Apoena não é apenas um registro emocionante, mas também um símbolo da capacidade de regeneração ambiental. A presença da espécie demonstra que áreas antes degradadas podem se transformar novamente em refúgios seguros para a fauna, desde que recebam investimento em reflorestamento e proteção contínua.